“Bloqueie Tudo”: França vive onda de protestos que lembra o Brasil de 2013

Mário Flávio - 11.09.2025 às 09:22h

Um novo movimento de protestos tomou conta da França nesta semana, levando milhares de pessoas às ruas com um objetivo claro: paralisar o país. Batizado de “Bloqueie Tudo”, o movimento surgiu nas redes sociais em maio, inicialmente associado a grupos de direita, mas logo recebeu adesão da esquerda e de sindicatos, consolidando-se como um fenômeno sem liderança definida.

O paralelo mais evidente para nós, brasileiros, é com as manifestações de 2013. Assim como os protestos que começaram pelo aumento de 20 centavos no transporte público e se desdobraram em pautas mais amplas como o combate à corrupção, na França o movimento foi além de seu ponto inicial e passou a concentrar insatisfações variadas: cortes de gastos públicos, inflação e críticas ao sistema político.

A crise política francesa se agravou na segunda-feira (8), quando o então primeiro-ministro François Bayrou perdeu um voto de confiança e foi substituído por Sébastien Lecornu — o quinto premiê apenas no segundo mandato do presidente Emmanuel Macron. O motivo da instabilidade está na ausência de maioria parlamentar desde 2022, que faz do cargo de primeiro-ministro um alvo constante de pressões, derrotas em votações e insatisfação popular. No caso de Bayrou, o estopim foi a proposta de cortes no orçamento de 2026, que incluía até mesmo a eliminação de dois feriados nacionais.

Para conter os protestos, o governo mobilizou 80 mil policiais em todo o país. As manifestações foram marcadas por confrontos, uso de gás lacrimogêneo, mais de 250 prisões e cenas que levaram a imprensa francesa a comparar o “Bloqueie Tudo” com os Coletes Amarelos de 2018. O clima é de tensão e incerteza, em meio a um governo cada vez mais fragilizado diante das ruas e do Parlamento.