O aguardado encontro da primeira-dama do Brasil, Janja da Silva, com mulheres evangélicas em Caruaru, realizado nesta terça-feira (30), acabou marcado por baixa adesão e pela ausência de lideranças de peso do segmento religioso. A reunião, que fazia parte da agenda da Caatinga Climate Week e do projeto Vozes dos Biomas, foi divulgada de forma restrita e nem mesmo o local da atividade foi informado com antecedência à imprensa e ao público em geral.
O resultado foi um ambiente esvaziado e com presença majoritária de militantes ligados ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e filiados ao PT. A cena ganhou contornos ainda mais políticos quando o ex-presidente do PT de Caruaru, Adilson Lira, assumiu o microfone para ministrar momentos de louvor durante a programação. A condução por um dirigente histórico da legenda reforçou o tom político do encontro, em vez de atrair mulheres ligadas às igrejas locais.
A ausência de pastoras reconhecidas na cidade e de representantes de denominações tradicionais foi interpretada como um fracasso de articulação. Mesmo com a presença da primeira-dama, que nos últimos anos vem tentando se aproximar do segmento evangélico, o evento mostrou a dificuldade que o PT enfrenta em estabelecer diálogo real e consistente com esse público — um desafio que não é exclusivo de Caruaru, mas que se repete em diferentes regiões do país.
O episódio deixa em evidência o distanciamento entre o partido e a comunidade evangélica, que tem papel determinante no cenário político nacional. A aposta em uma agenda restrita, com foco mais em militância partidária do que na abertura para lideranças religiosas locais, acabou reforçando a percepção de que o PT ainda não encontrou caminho efetivo para romper resistências e conquistar espaço entre os evangélicos.
