Preso pela Polícia Federal no dia 13 de junho deste ano, o ex-ministro do Turismo Gilson Machado Neto continua sob medidas restritivas impostas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Embora tenha sido solto no mesmo dia logo após a audiência de custódia — por recomendação da Procuradoria-Geral da República (PGR), que considerou desnecessária sua prisão preventiva —, Gilson segue proibido de deixar o Recife, de se encontrar com investigados em processos relacionados à tentativa de golpe de 8 de janeiro e deve se apresentar quinzenalmente à Vara de Execuções Penais.
O ex-ministro, que foi acusado de tentar ajudar o coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, a obter um passaporte português, nega qualquer envolvimento no caso. Segundo seu advogado, Célio Avelino, o episódio foi “mal interpretado” pela investigação. “Como está nos autos, Gilson marcou uma ida do seu pai ao Consulado de Portugal no Recife para regularizar o passaporte, mas no dia marcado nem apareceu lá. Quem levou o pai dele foi um irmão”, explicou o defensor.
Avelino afirma que, em agosto, solicitou ao STF a revogação das medidas restritivas, alegando que o prazo legal de 60 dias para conclusão do inquérito já havia expirado. Contudo, o ministro Alexandre de Moraes prorrogou a investigação até o dia 4 de novembro, sob a justificativa de que a perícia no celular de Gilson ainda não havia sido concluída pela Polícia Federal.
“Ele está passando por isso porque foi ministro e é amigo de Bolsonaro. Não há outra explicação”, afirmou o advogado, em tom de crítica. “Estamos vivendo uma situação jamais vista neste país. Não há critério jurídico nem racional para se manter as restrições ao meu cliente, mas nada acontece.”
Enquanto aguarda uma definição, Gilson Machado permanece impedido de atuar em seus negócios fora do Recife e de participar de eventos políticos, o que, segundo sua defesa, prejudica sua vida pública em um ano pré-eleitoral. “Temos esperança de que, após o prazo final do inquérito em 4 de novembro, o Supremo retire as restrições. Considero tudo isso um absurdo”, concluiu o advogado.

