O clima esquentou na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) nesta segunda-feira (20), após o presidente da Casa, Álvaro Porto (PSDB), subir o tom contra a governadora Raquel Lyra (PSD). O estopim foi a repercussão da notícia de que o contrato assinado entre o Governo do Estado e o Banco do Brasil, na última semana, não tem relação com o empréstimo de R$ 1,5 bilhão aprovado pelo Parlamento em setembro.
Durante a reunião plenária, Álvaro Porto acusou a governadora de “tentar enganar a população” e de transferir a responsabilidade pelos atrasos nas obras do Arco Metropolitano e da duplicação da BR-232 para os deputados estaduais.
“A narrativa de que os parlamentares estavam atrasando as obras por causa do tempo de tramitação do empréstimo caiu por terra. O dinheiro que ela destinou para o Arco e para a duplicação não foi do empréstimo autorizado este ano. O Governo sempre teve o dinheiro para fazer as obras e não fez por incompetência. Este Parlamento não tem nenhuma responsabilidade nisso”, afirmou o presidente.
Porto explicou que o contrato de R$ 1,4 bilhão, assinado pela governadora na última terça-feira (14), está vinculado a uma outra lei, aprovada ainda em 2024, que autorizou R$ 3,4 bilhões em operações de crédito no âmbito do Plano de Promoção do Equilíbrio Fiscal (PEF). Segundo ele, a Alepe já autorizou mais de R$ 11 bilhões em créditos, mas o Executivo contratou apenas cerca de 33% desse total.
O discurso provocou forte reação entre parlamentares e expôs mais uma vez o embate entre o governo e a oposição. O deputado Antonio Coelho (União Brasil) reforçou as críticas, acusando o governo de tentar “manchar a imagem da Alepe”.
“É importante destacar a postura não republicana da gestão Raquel Lyra, que tentou acirrar a relação entre as instituições, colocando o setor produtivo contra esta Casa e acusando falsamente a Alepe de travar o desenvolvimento do Estado”, declarou.
Outros deputados de oposição, como Waldemar Borges (MDB), Sileno Guedes (PSB), Diogo Moraes (PSDB), Coronel Alberto Feitosa (PL) e Cayo Albino (PSB), também criticaram a postura do Executivo estadual, ampliando o tom do debate.
Defesa do governo
A líder do governo na Alepe, Socorro Pimentel (União Brasil), saiu em defesa da gestão de Raquel Lyra. A deputada afirmou que a atual administração recebeu o Estado em situação precária e que vem enfrentando obstáculos criados por setores da própria Casa.
“O Arco Metropolitano é uma promessa do primeiro governo do PSB que até hoje não foi concretizado, e é Raquel Lyra quem vai entregar. Não existe terceirização de responsabilidade. O que há é uma tentativa de paralisar o trabalho da gestão. A demora não é do Executivo”, rebateu.
Também defenderam o governo os deputados Izaías Régis (PSDB), Wanderson Florêncio (Solidariedade) e Joãozinho Tenório (PRD), destacando que a atual gestão tem buscado avançar nas obras estruturadoras, mesmo diante de dificuldades herdadas.
O embate marcou mais um capítulo da tensa relação entre o Executivo e o Legislativo estadual, evidenciando o aumento do tom político entre Raquel Lyra e Álvaro Porto, às vésperas de votações importantes na Alepe.
