O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta sexta-feira (29) a liberação do salário e dos cartões do senador Marcos do Val (Podemos-ES), além da retirada da tornozeleira eletrônica que havia sido imposta como medida cautelar. A decisão ocorreu após pressão da presidência do Senado e de outros parlamentares, que vinham cobrando a revisão das restrições impostas ao senador.
Um dos argumentos levantados por senadores foi o impacto pessoal das medidas sobre Marcos do Val. Parlamentares afirmaram que o colega não conseguia pagar o colégio da filha e nem custear o tratamento da mãe, diagnosticada com câncer, situação que aumentou a pressão sobre Moraes para flexibilizar as sanções.
O senador capixaba, no entanto, tem acumulado polêmicas recentes. Ele viajou aos Estados Unidos sem autorização do STF, utilizando o passaporte diplomático de senador — já que o seu passaporte pessoal segue apreendido por ordem judicial. Durante a viagem, Marcos do Val chegou a gravar um vídeo na Disney provocando o ministro Alexandre de Moraes, gesto que foi duramente criticado.
As restrições contra o parlamentar haviam sido impostas no início do ano, quando ele se tornou alvo de inquéritos que investigam declarações e possíveis condutas antidemocráticas. Do Val chegou a admitir que participou de reuniões em que se discutiu um suposto plano golpista, o que ampliou a crise política em torno de seu nome.
Nos bastidores, líderes partidários alegaram que o bloqueio de vencimentos e de recursos pessoais comprometia a independência do mandato parlamentar. A decisão de Moraes de liberar os pagamentos e retirar a tornozeleira é vista como um gesto diante da pressão política do Senado, mas não afasta o andamento das investigações.
Apesar da flexibilização, Marcos do Val segue respondendo a processos no STF. O episódio reacende o debate sobre os limites das medidas judiciais contra parlamentares e reforça a tensão entre o Supremo e o Congresso Nacional.
