A cena política desta semana na Assembleia Legislativa de Pernambuco mostrou que a governadora Raquel Lyra (PSD) conseguiu respirar aliviada. Em meio a meses de tensões e embates duros com a oposição, a aprovação do projeto que autoriza o Estado a contrair empréstimo de R$ 1,5 bilhão e o esvaziamento momentâneo da CPI da Publicidade revelam que a correlação de forças no plenário começa a pender mais para o lado do governo.
O empréstimo vinha sendo travado há seis meses, alimentando discursos oposicionistas sobre transparência e prioridades do Executivo. A votação desta terça (9), no entanto, demonstrou articulação e firmeza da base governista, que não só sustentou a proposta, como ainda conseguiu atrair votos da própria oposição. Foi um sinal claro de que a Casa, ao menos nesse ponto, reconheceu a necessidade de destravar recursos para obras estruturantes em estradas, fornecimento de água e segurança.
Do outro lado, a anulação da instalação da CPI da Publicidade, que vinha sendo usada como instrumento de pressão contra a governadora, abriu uma janela de alívio para o Palácio. Ainda que um novo prazo para coleta de assinaturas tenha sido aberto, o episódio mostra a dificuldade da oposição em manter o ímpeto e a coesão necessários para sustentar um colegiado com potencial de desgaste político. A narrativa da CPI perdeu fôlego no mesmo momento em que o governo conseguiu garantir a aprovação do seu principal projeto financeiro. Vale salientar ainda que os técnicos do TCE reconheceram que não há ilegalidade do contrato de 10 anos para a publicidade do governo estadual, derrubando a narrativa da oposição.
Esses movimentos combinados dão à gestão Raquel Lyra algo que parecia escasso nos últimos meses: margem de manobra. A base começa a se consolidar, e o Executivo mostra capacidade de reorganizar sua relação com a Alepe, que é decisiva para qualquer governador que pretenda tocar obras e programas em larga escala. Ainda não é a vitória definitiva, mas é um sopro de fôlego político que pode mudar a temperatura dos debates na Casa.
Se souber aproveitar esse momento, Raquel pode não apenas viabilizar seus projetos mais estratégicos, como também começar a desenhar um novo arranjo de alianças que sustente sua reeleição em 2026. Afinal, no jogo da política, mostrar força no plenário da Assembleia é, muitas vezes, o primeiro passo para garantir autoridade nas ruas. A conferir.
