Copom mantém Selic em 15% e reforça necessidade de política monetária contracionista prolongada

Mário Flávio - 17.09.2025 às 22:31h

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu nesta quarta-feira (17) manter a taxa Selic em 15% ao ano. A decisão já era amplamente esperada pelo mercado financeiro e havia sido antecipada pela própria diretoria do BC na reunião de julho, quando o órgão sinalizou a necessidade de manter uma política monetária contracionista por um período prolongado para conter a inflação.

No comunicado divulgado após a reunião, o Copom repetiu trechos da ata anterior e ressaltou que o cenário econômico continua marcado por expectativas desancoradas, inflação elevada, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho. “Para assegurar a convergência da inflação à meta em ambiente de expectativas desancoradas, exige-se uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado”, destacou o texto.

O documento também apontou que as expectativas de inflação medidas pela pesquisa Focus permanecem acima da meta, estimadas em 4,8% para 2025 e 4,3% para 2026. Já a projeção do Copom para o primeiro trimestre de 2027 situa-se em 3,4% no cenário de referência, ainda acima do centro da meta fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

Entre os riscos de alta da inflação, o BC citou a possibilidade de maior resiliência nos preços de serviços, a persistência de uma taxa de câmbio mais depreciada e uma eventual desancoragem mais duradoura das expectativas. Do lado oposto, entre os riscos de queda, estão uma desaceleração doméstica mais acentuada, uma crise global mais profunda e a redução nos preços de commodities.

O Comitê também chamou atenção para o ambiente externo, marcado pela política econômica dos Estados Unidos e pela imposição de tarifas comerciais contra o Brasil, além de incertezas geopolíticas que aumentam a volatilidade dos ativos financeiros. Diante disso, reforçou a necessidade de cautela e afirmou que permanece vigilante quanto a novos ajustes na política monetária.

A decisão de manutenção foi unânime entre os nove membros do colegiado, incluindo o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo. O Copom enfatizou que poderá retomar o ciclo de elevação da Selic caso considere necessário para assegurar a estabilidade de preços no país.