A pouco mais de um ano da disputa eleitoral de 2026, o mapa político de Pernambuco começa a se redesenhar. Prefeitos e partidos se movimentam, definindo apoios que serão decisivos nas articulações para o próximo pleito. Levantamento do JC mostra que a governadora Raquel Lyra (PSD) sai na frente em número de gestores aliados, enquanto o prefeito do Recife, João Campos (PSB), aposta na capilaridade histórica do seu partido para avançar no interior.
Prefeituras como peça-chave
Segundo o cientista político Antônio Henrique Lucena, o apoio dos prefeitos continua sendo “fundamental” em qualquer disputa majoritária, embora não garanta, por si só, a vitória. “Prefeitos e vereadores possuem um grau de capilaridade muito maior na população, o que permite extrair mais votos. Eles têm uma base consolidada e conseguem converter esse apoio em resultados”, explica.
O levantamento do jornal mostra que, dos 184 prefeitos pernambucanos, 130 são filiados a partidos da base de Raquel Lyra e 54 pertencem a legendas ligadas a João Campos. Nenhum gestor está fora desses dois blocos. Até o momento, 59 prefeitos já declararam publicamente apoio para 2026 — sendo 30 à governadora e 29 ao prefeito do Recife —, enquanto 125 permanecem sem posicionamento declarado.
Força regional e estratégias
A leitura de Lucena indica que Raquel Lyra mantém um “foco bastante relevante” no Agreste, região onde construiu sua principal base política após dois mandatos como prefeita de Caruaru. Já João Campos, embora tenha menor influência na Região Metropolitana, conta com a força histórica do PSB para interiorizar seu nome. O cientista político avalia que o Sertão pode ser o cenário decisivo para o prefeito do Recife.
“O Sertão tende a ser mais determinante para João Campos do que para Raquel Lyra. Ela domina o Agreste, mas ele precisará usar o poder político do PSB para transformar apoio municipal em voto real”, analisa.
Vantagens e desafios
Lucena pondera que Raquel Lyra tem a vantagem institucional do cargo de governadora, com a máquina estadual e as entregas de governo em andamento. Já João Campos, por outro lado, busca compensar essa diferença com uma agenda intensa de viagens ao interior, consolidando alianças e ampliando apoios.
“João tem uma desvantagem por ser prefeito do Recife, enquanto Raquel é governadora. Mas ele vem se movimentando com intensidade para equilibrar o jogo”, observa o analista.
Apesar da força institucional, o cientista político destaca um fator que pode pesar contra Raquel Lyra: as pesquisas de avaliação do governo. Segundo Lucena, esse é “um ativo importante” para João Campos. “Ele é um prefeito bem avaliado, carismático e com alta capacidade de converter votos. Isso, somado à liderança nas pesquisas, o coloca em posição competitiva. No entanto, o eleitor é transitório e pode mudar de opinião a qualquer momento”, alerta.
Cenário em construção
Com um ano pela frente, o cenário pernambucano ainda está em formação. A tendência é que, nos próximos meses, a disputa entre Raquel Lyra e João Campos se intensifique, à medida que prefeitos e partidos definirem com mais clareza para onde irão pender suas forças. O xadrez político já está montado — e o movimento das peças promete ser decisivo até 2026.
