Em Caruaru, setor produtivo destaca potencial da Transnordestina para fortalecimento das cadeias econômicas do Agreste

Mário Flávio - 15.10.2025 às 14:26h

Lideranças públicas, empresariais e representantes do setor produtivo do Agreste se reuniram, nesta quarta-feira (15), para discutir o papel estratégico da Transnordestina no desenvolvimento de Pernambuco e do Nordeste. A quinta edição do seminário Conexões Transnordestina – A ferrovia que mudará Pernambuco aconteceu em Caruaru, promovida pela Sudene em parceria com o portal Movimento Econômico, e destacou as oportunidades geradas pela construção do ramal pernambucano da ferrovia, que ligará Salgueiro ao Porto de Suape.

Mais do que uma obra de infraestrutura, o projeto é apontado como um vetor de transformação econômica, capaz de atrair investimentos, reduzir custos operacionais e ampliar a competitividade dos setores produtivos do interior. O superintendente da Sudene, Francisco Alexandre, reafirmou o compromisso do Governo Federal com a execução do trecho pernambucano, ressaltando que o edital de licitação para retomada das obras pela Infra S.A. deve ser lançado nas próximas semanas, iniciando pelo trecho entre Custódia e Arcoverde.

“A ferrovia até Suape é importante para Pernambuco e estratégica para a Região, podendo interligar os portos de vários estados e promover o desenvolvimento. Ontem mesmo estive com o governador da Paraíba, João Azevêdo, e ele destacou a importância da interligação do Porto de Cabedelo até Suape. Podemos criar um novo horizonte para a expansão da nossa Região”, afirmou Alexandre.

O superintendente também destacou o estudo preliminar financiado pela Sudene sobre a viabilidade do transporte ferroviário de passageiros. Segundo ele, o projeto está alinhado com a retomada do transporte ferroviário nacional anunciada pelo presidente Lula.

“É preciso que todos sonhem juntos para tornar esse trem realidade. Nós, da Sudene, estamos fazendo a nossa parte, apresentando um projeto factível e sintonizado com a capacidade de investimento do Estado”, completou.

Cadeia têxtil e confecções

O economista Wamberto Barbosa, do Núcleo de Gestão da Cadeia Têxtil e de Confecções em Pernambuco, ressaltou o impacto direto da ferrovia na verticalização da produção e na atração de indústrias.

“A ferrovia poderá escoar nossa produção e atrair novas fábricas têxteis. O setor de confecção cresce a dois dígitos por ano, com 51 municípios integrados e produção estimada em R$ 8 bilhões. São 800 milhões de peças por ano e 400 mil pessoas envolvidas, gerando R$ 1,2 bilhão em ICMS só em 2024”, destacou.

A conselheira da Associação Comercial de Caruaru (Acic), Ivânia Barbosa, reforçou o caráter público da obra.

“A ferrovia é uma política pública de mobilidade. Precisamos pressionar politicamente pela sua conclusão, porque o interesse é de toda a sociedade”, afirmou.

Papel institucional da Sudene

A Sudene exerce papel central na viabilização da Transnordestina. No Ceará, é a principal financiadora da obra por meio do Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FDNE). Em Pernambuco, atua como articuladora entre os entes federativos, impulsionando políticas de planejamento regional. A expectativa é de que, até 2030, a ferrovia esteja concluída, consolidando-se como um vetor de integração e transformação econômica do Nordeste, conectando os polos produtivos regionais a mercados nacionais e internacionais.

O ciclo de seminários Conexões Transnordestina já passou por Salgueiro, Petrolina, Araripina e Belo Jardim. O próximo encontro será realizado em novembro, na Região Metropolitana do Recife.

Entre os participantes da edição em Caruaru estiveram o prefeito de São Bento do Una, Alexandre Batité, o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Jaime Anselmo, o ex-senador e ex-superintendente da Sudene, Douglas Cintra, e o ex-deputado José Queiroz.