Manifestações contra PEC da Blindagem e proposta de anistia reúnem milhares em capitais; Lula viaja aos EUA e tarifa zero gera debate sobre custos

Mário Flávio - 22.09.2025 às 07:11h

Milhares de pessoas foram às ruas neste domingo (21) em pelo menos 14 capitais brasileiras para protestar contra a PEC da Blindagem e a proposta de anistia aos envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023. Em São Paulo, a Avenida Paulista concentrou o maior público: 42,4 mil participantes, segundo levantamento do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap). Já os organizadores falaram em 200 mil pessoas. Também houve mobilizações expressivas no Rio de Janeiro, Salvador e Brasília, com a presença de artistas e políticos que reforçaram as críticas às medidas em discussão no Congresso.

Apesar de aprovada de forma acelerada na Câmara dos Deputados, a PEC da Blindagem enfrenta forte resistência. O relator na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, Alessandro Vieira (MDB-SE), já antecipou parecer contrário. A expectativa é que a proposta seja rejeitada tanto na comissão quanto em plenário, diante da reação de partidos de diferentes espectros políticos.

Lula em Nova York

Enquanto os protestos movimentavam o país, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva embarcou para sua primeira viagem oficial aos Estados Unidos após o tarifaço. Lula abre, nesta terça-feira (23), a Assembleia Geral da ONU, em Nova York, com um discurso que deve abordar temas como soberania, democracia, guerras e meio ambiente. O Brasil, tradicionalmente, é o primeiro país a falar no evento. Logo em seguida, será a vez do ex-presidente Donald Trump, o que gera expectativa de um encontro indireto entre os dois líderes, ainda que sem previsão de reunião bilateral.

Tarifa zero em debate

Outro tema em discussão no governo é a proposta de tarifa zero para ônibus urbanos. Segundo estudo divulgado recentemente, a medida pode custar até R$ 57 bilhões anuais caso seja adotada em todo o país. Em cenários parciais, o custo poderia cair para R$ 11,8 bilhões ou R$ 5,5 bilhões por ano. A iniciativa, defendida por Lula como forma de ampliar o acesso ao transporte público e reduzir desigualdades, ainda divide opiniões dentro do próprio governo e entre especialistas, que destacam o impacto fiscal da proposta.

As próximas semanas devem ser decisivas tanto no Congresso, com a análise da PEC da Blindagem, quanto no debate público sobre o financiamento de políticas sociais e estruturais.