O que você sabe sobre Homeschooling? Mitos e Verdades – por João Antônio

Jorge Brandão - 20.05.2022 às 13:25h
Foto: Divulgação

Nessa quinta-feira (dia 19), foi aprovado na Câmara dos Deputados um projeto de lei que regulamenta o homeschooling (ensino domiciliar) no Brasil. Este é um primeiro e bastante aguardado passo para milhares de pais e mães brasileiros.

Mas você que está me lendo agora sabe o que é o homeschooling? Quer saber? Venha comigo, então!

Homeschooling significa “ensino domiciliar”. Refere-se à decisão de milhares de pais e mães no Brasil (e milhões no mundo) de não levarem seus filhos às escolas, mas ensiná-los em casa, usando metodologias, ferramentas e didática que eles acharem adequadas para seus pequenos.

Como é um tema “espinhoso” para muita gente, eu resolvi escrever este artigo na forma de “cartilha” de perguntas e respostas, como uma apostila escolar. Respondendo a cada crítica pontualmente… que tal?

  1. “Nem todos os pais e mães são preparados para ensinar seus filhos”

Concordo! Mas, no homeschooling, os pais não precisam ensinar seus filhos. Eles podem contratar professores particulares e/ou sistemas de Educação à distância (EAD) que acharem mais adequados para os seus filhos.

Além disso, o projeto de lei aprovado exige que, para que a criança possa ser aprovada no homeschooling, um dos pais tenha nível superior comprovado (o que, em minha opinião, não significa nada para fins de ensino).

Em resumo: Homeschooling não significa “pais ensinando”, mas “pais tendo liberdade de escolher quem ensina a seus filhos, e como ensina”.

  1. “O Homeschooling só beneficia os muito ricos, que podem pagar pela educação dos filhos com tutores particulares”.

Argumento idiota (porque é ideológico). A existência das escolas particulares também só beneficia quem pode pagar? Isso é motivo para as escolas particulares deixarem de existir?

Pobres também podem se beneficiar do ensino domiciliar, pois se os pais decidirem ensinar por si sós, não precisam contratar ninguém (“zero” custo).

O ponto principal do homeschooling é: a LIBERDADE de os pais poderem decidir pela educação dos filhos, não importando os motivos que os levam a tomar tais decisões.

  1. “A escola é NECESSÁRIA para a educação das crianças e jovens.”

Não! NÃO É. A escola é, apenas, a instituição criada para “aglomerar” milhões de crianças no país, a fim de que todas, nas suas específicas faixas etárias, sejam apresentadas a conteúdos padronizados que o governo “acha” que devem ser ensinados naquele momento da vida delas.

Escola NÃO É NECESSÁRIA para a educação. É possível ensinar (e ensinar bem) SEM A ESCOLA.

  1. “Professores são NECESSÁRIOS para a educação das crianças e jovens.”

PROFESSORES BONS são sempre necessários. PROFESSORES RUINS serão sempre dispensáveis.

Na escola tradicional, os pais não conseguem escolher entre os dois grupos acima, ou seja, seus filhos podem ter o azar de serem alunos de professores ruins, e isso vai prejudicar muito essas crianças. No homeschooling, os pais têm liberdade de escolher quais professores vão ensinar a seus filhos (e trocar, caso queiram).

Tire da sua cabeça, amigo leitor, a ideia de que “professor só se encontra na escola”. A Internet mudou isso. Professores bons estão aí, vendendo seus serviços sem a escola.

  1. “Crianças presas em casa podem ser abusadas pelos pais e ninguém saberá. Na escola, é possível acompanhar e detectar tais abusos.”

Estatisticamente: dos casos de pais que abusam dos seus filhos, quantos são de adeptos do homeschooling? (resposta: nenhum, porque o homeschooling é proibido no Brasil).

Em segundo lugar, a escola falha em detectar bullying em suas próprias instalações, como conseguiria detectar abusos infantis cometidos por monstros em suas casas? Muitos professores (que deveriam ser os “tutores” dos jovens em seu convívio escolar) nem sequer sabem os nomes de todos os seus alunos.

Ademais, será que o conselho tutelar não poderia acompanhar periodicamente as crianças homeschoolers, de modo a detectar possíveis abusos, maus tratos e afins? Não vejo por que não.

Para quase finalizar, o projeto de lei aprovado na Câmara exige que os pais homeschoolers apresentem certidões negativas criminais das Justiças Federal e Estadual (o que, também, não garante absolutamente nada a respeito da segurança futura das crianças, mas já é um começo).

Por fim, se os críticos ao homeschooling estão tão preocupados com a segurança física e mental das crianças, eu apresento: bullying, agressões, assédio moral e sexual, contato com drogas… tudo isso acontece na escola. O tempo todo. E nem a escola, nem o conselho tutelar, nem qualquer outra “autoridade” consegue evitar isso.

Os pais que desejam ensinar seus filhos em casa podem ter vários motivos para querer fazê-lo (inclusive a segurança de seus filhos): só lhes falta a LIBERDADE para fazer.

É disso que se trata!

E o primeiro passo acabou de ser dado.

João Antônio é professor