PF prende “Careca do INSS” e empresário em esquema de fraudes bilionárias contra aposentados

Mário Flávio - 12.09.2025 às 07:16h

A Polícia Federal (PF) prendeu, nesta sexta-feira (12), Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como o “Careca do INSS”, e o empresário Maurício Camisotti, acusados de participação em um amplo esquema de fraudes contra aposentados e pensionistas do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS).

De acordo com as investigações, o esquema teria causado um prejuízo de até R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024. Antunes é apontado pela PF como lobista e “facilitador” das fraudes. Ele foi levado para a Superintendência do Distrito Federal, enquanto agentes também cumpriam mandados de busca em sua residência. Segundo a apuração, Antunes transferiu R$ 9,3 milhões para pessoas ligadas a servidores do INSS entre 2023 e 2024.

Camisotti, preso em São Paulo, seria sócio oculto de uma entidade de fachada e um dos beneficiários diretos do esquema. Além das prisões, a operação cumpre 13 mandados de busca e apreensão no Distrito Federal e em São Paulo, expedidos pelo ministro do STF André Mendonça.

Como funcionava a fraude

Segundo a PF e a Controladoria-Geral da União (CGU), as entidades envolvidas:
• ofereciam propina a servidores do INSS para obter dados sigilosos de beneficiários;
• utilizavam assinaturas falsas para autorizar descontos em benefícios;
• criavam associações de fachada, muitas vezes presididas por idosos ou pessoas de baixa renda.

Essas associações cadastravam aposentados e pensionistas sem autorização, passando a descontar mensalidades diretamente da folha de pagamento. Em muitos casos, os idosos sequer sabiam que estavam sendo vinculados às entidades.

Desdobramentos

A fraude já havia provocado repercussão em abril, quando veio à tona e resultou na demissão do então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto. Nesta nova fase, além das prisões de Antunes e Camisotti, agentes também realizaram buscas no escritório do advogado Nelson Willians, em São Paulo.

Até o momento, as defesas dos investigados não foram localizadas pela imprensa.