O Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE) terá um orçamento projetado de R$ 52,6 bilhões para 2026, valor 11,1% superior ao previsto para este ano. A definição foi apresentada nesta quarta-feira (3), durante reunião realizada na capital cearense com representantes da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR) e Banco do Nordeste (BNB).
Segundo o superintendente da Sudene, Francisco Alexandre, os recursos do FNE têm papel estratégico no crescimento econômico da região. Ele destacou que os indicadores de PIB no Nordeste vêm apresentando desempenho acima da média nacional, reflexo de políticas adotadas pelo Governo Federal. “É fundamental que a região cresça um pouco mais de vez em quando, para que um dia possamos ser mais parecidos do ponto de vista da economia, da renda e da condição de desenvolvimento sustentável”, afirmou.
Prioridade para pequenos negócios e Nova Indústria Brasil
Do total projetado, R$ 32,6 bilhões serão destinados a mini, micro, pequenos e pequenos-médios empreendimentos, o que representa um recorde em valores absolutos. O superintendente de Políticas de Desenvolvimento Sustentável do BNB, Irenaldo Rubens Soares, destacou que a programação também priorizará projetos alinhados à Nova Indústria Brasil (NIB), política industrial articulada com o novo PAC e o Plano de Transição Ecológica.
O secretário do MDIC, Uallace Moreira, lembrou que os investimentos privados já anunciados para a NIB somam R$ 2,84 trilhões em setores como construção civil, tecnologia da informação, energias renováveis e agroindústria.
Entre os programas com sinergia com a NIB estão o FNE Verde, FNE Inovação, FNE Saúde e o Pronaf, além de investimentos em infraestrutura hídrica, saneamento e logística, via FNE Verde Infraestrutura e Proinfra. De 2023 até julho de 2025, o Fundo já financiou R$ 32,4 bilhões nesses eixos.
Semiárido e aplicação estadual
Para o semiárido, a projeção é de R$ 26,8 bilhões em 2026, beneficiando 2.074 municípios da área de atuação da Sudene. Pela Política Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR), a meta é destinar pelo menos 70% dos recursos a áreas de baixa e média renda.
Os percentuais de aplicação por estado variam entre 5% e 30%, com exceção do Espírito Santo, cuja participação mínima será de 1,5%. Entre os dias 18 e 25 deste mês, reuniões setoriais serão realizadas nos estados para apresentação dos planos de aplicação locais.
Expectativa de crescimento
O presidente do BNB, Paulo Câmara, ressaltou que o FNE é o principal instrumento financeiro da PNDR e um dos pilares do Plano Regional de Desenvolvimento do Nordeste (PRDNE). Ele lembrou que em 2024 foram financiados R$ 44,8 bilhões em investimentos e que, apenas no primeiro semestre de 2025, já foram contratados R$ 29,8 bilhões. “A expectativa é de novos recordes neste ano e de um crescimento contínuo nos próximos anos”, disse.
A reunião contou ainda com a presença de secretários estaduais de Planejamento e Desenvolvimento do Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte, além de diretores da Sudene e do BNB.
O encontro em Fortaleza marcou o início da programação oficial do FNE 2026, consolidando a expectativa de investimentos robustos e maior foco em pequenos negócios, sustentabilidade e combate às desigualdades regionais.
