Seu Lula do bode e uma relação de amizade com Eduardo Campos

Mário Flávio - 15.08.2014 às 07:25h

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Um dia após a confirmação da morte do ex-governador Eduardo Campos, os sentimentos ainda eram um misto de tristeza e perplexidade. No interior as pessoas buscavam explicações sobre o fato e tentavam entender o pós-morte do socialista. Nas ruas de Caruaru a população buscava explicações sobre o fato. Em todas as rodas de conversa, o assunto era a tragédia ocorrida na cidade de Santos, que tirou a vida de Eduardo e mais seis pessoas. A universitária Marina Albuquerque, por exemplo, disse que a postura do ex-candidato à presidência reacendeu nela o gosto pela política e que o legado foi deixado ainda para a eleição desse ano.

“Eduardo trouxe de volta a mim a vontade de votar, o desejo e a esperança de dias melhores para nosso povo tão carente de tantas necessidades básicas, entre elas dignidade. Pena que tudo acabou tão cedo, mas a semente foi plantada, cabe a nós não desistir do Brasil. Obrigado por tornar nosso pernambuco melhor, muito melhor”, disse.

A segunda casa de Eduardo Campos em Caruaru amanheceu de luto. Sempre que vinha a cidade, o ex-governador não deixava de visitar o restaurante Portal do Bode do Sertão, localizado hoje na Estacão Ferroviária do município. Por todos os lados, o estabelecimento exibe faixas pretas em sinal de luto pela morte de Campos, e a direção decidiu não abrir as portas, em sinal de reverência ao líder do PSB. Sem conter as lágrimas estampadas nos olhos, o dono do restaurante, seu Lula do Bode, disse que não acreditava na notícia e corria pelos quatro cantos do espaço para colocar as faixas de luto. Amigo de Eduardo e arraesista histórico, Lula do Bode, ainda emocionado, lembrou como começou sua história de amizade com o ex-governador.

“Conheci Eduardo em 1994 e sempre que ele vinha para o interior solicitava o nosso bode. Era assim quando o nosso restaurante estava em Cruzeiro do Nordeste e seguiu em Caruaru. Na última carreata que ele fez na cidade, fui onde ele estava e levei uma quentinha com um bode assado, do jeito que ele gostava. É uma dor muito grande, muita saudade. Mas a vida é assim. Deus sabe o que faz e temos que tentar entender”, disse.

Pelas paredes do restaurante, são muitos os registros das visitas do socialista. Todo ano após a abertura do São João ele sempre parava por lá e aproveitava para comer a iguaria. “Agora tudo fica na lembrança. Esse ano, por exemplo, ele esteve aqui e após o jantar foi até o forró pé-de-serra e dançou com dona Renata. Era sempre assim, toda vez que ele vinha aqui fazia uma festa”, lembrou apontando para o espaço onde ficava o forró.

O comerciante Alex Rocha é filho de Lula do Bode. Para ele, o ex-governador de Pernambuco deixou uma marca na história da política do Estado e do país, e fará muita falta. “Eduardo era um homem humilde e por isso Pernambuco lamenta sua perda e seria uma promessa para nosso Brasil”, explanou.

Todo o material de campanha espalhado pela cidade foi recolhido e nos comitês das lideranças políticas da cidade, Tony Gel, Raquel Lyra, Laura Gomes e Wolney Queiroz, prevalece o mais absoluto silêncio. Para os aliados e mais próximos do socialista, tudo não passa de um pesadelo.

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