Situação critica nas barragens do Agreste e Sertão

Mário Flávio - 10.08.2014 às 08:32h

A doméstica Joselita Maria de Lima mora no Distrito de Peladas, na zona rural de Caruaru. Água por lá é artigo de luxo. De acordo com ela, só chega de vez em quando e nas madrugadas. Por esse motivo, os moradores do local precisam ficar atentos para não perder a oportunidade de reservar água. Ela explica que o período de chuvas é uma alternativa.

“Quando chove a gente se vira como pode e usa todas as formas para aparar a água da chuva. É uma situação as vezes humilhante, mas é o que temos para fazer aqui. Esperamos por uma solução do governo, mas até agora nada”, desabafou a doméstica.

As chuvas de 2014 não atenderam a expectativa e piorou a situação dos reservatórios no interior. De acordo com a Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac), o nível das barragens no Agreste está em 22% e no Sertão em apenas 13%, uma situação preocupante numa seca que assola a região desde 2011.

A situação só não é pior graças a barragem de Jucazinho, que hoje tem cerca de 30% da capacidade, o que equivale a mais de 70 milhões de metros cúbicos. De acordo com o presidente da Compesa, Roberto Tavares, a barragem é um sistema importante que hoje abastece a 16 municípios, por isso, a situação ainda é mais delicada. “Estamos com Jucazinho com menos de 30% da capacidade, o que nos deixa muito preocupado. Nós ampliamos nos últimos anos o abastecimento na zona rural e isso faz com que a gente tenha uma adutora que antes servia apenas a cidade e agora atende a diversos distritos, então temos que ser mais cuidadosos, já que a previsão não é muito boa para o próximo verão”, disse.

A solução para os problemas pode ser a adutora do Agreste, que segundo o presidente da Compesa, segue dentro do cronograma, mas que depende da vinda dos recursos federais. A obra orçada em mais de R$ 1 bilhão vai atingir mais de 30 cidades do Agreste. No entanto, o fluxo financeiro está em alguns casos travado. No entanto, ele não acredita em retaliação por causa de divergências políticas.

“Eu não posso afirmar isso, mas eu diria que houve em diversos convênios uma diminuição na velocidade em que o dinheiro chega e nós temos entrado em contato com o Ministério da Integração e não estamos devendo nenhuma fatura. A gente espera que isso se regularize porque se não os próprios empreiteiros e fornecedores de materiais comecem a sentir insegurança, mas não acreditamos que isso venha acontecer e que Pernambuco seja retalhado.Eu acho que a gente vai continuar tocando esse grande programa de obras”, explana.

A previsão da entrega da obra é o segundo semestre de 2015.