A política tarifária dos Estados Unidos em relação aos produtos brasileiros sofreu uma inflexão nesta sexta-feira (14). A Casa Branca publicou uma ordem executiva reduzindo as tarifas de reciprocidade aplicadas sobre itens como café, carne, açaí e algumas frutas tropicais frescas ou congeladas — produtos que estão entre os mais exportados pelo Brasil para o mercado americano. Ainda não há clareza sobre o percentual exato de redução.
Desde agosto, esses itens enfrentavam uma sobretaxa de 50% para entrar nos EUA. O “tarifaço” foi resultado de duas ordens do então presidente Donald Trump: a primeira, em abril, elevando o imposto para 10%; e a segunda, aplicada em agosto, que completou o aumento até os atuais 50%. O Brasil é o maior fornecedor de café ao mercado americano e figura entre os principais exportadores de carne para os Estados Unidos, o que ampliou o impacto da medida sobre o agronegócio nacional.
A reversão parcial ocorre após semanas de articulação entre os dois governos, que vinham negociando uma flexibilização das tarifas. O processo ganhou tração após o encontro entre Trump e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), realizado em outubro, na Malásia, durante agenda internacional. A reunião reaproximou economicamente os dois países e abriu espaço para ajustes nas medidas de restrição comercial.
Ao anunciar a decisão, a Casa Branca divulgou a lista dos produtos contemplados com algum grau de isenção, incluindo justamente aqueles de maior peso na pauta de exportações brasileiras. Segundo o governo americano, a redução já está valendo para todas as mercadorias importadas e retiradas em armazém desde quinta-feira (13).
A medida é vista como um avanço nas negociações, mas ainda deixa aberto o debate sobre a evolução das tarifas e o impacto final para o setor produtivo brasileiro, que segue monitorando o cenário à espera de um recuo mais amplo.

